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Aumento da produção não resulta em redução do preço


Há 15 anos, quando questionadas sobro o alto preço do carro brasileiro em relação ao de outros países (do Primeiro ou do Terceiro mundo), as fábricas de carros alegavam que era impossível produzir um carro mais barato por causa do pequeno volume de produção. Somente com o ganho da economia de escala é que seria possível reduzir o preço final.

O Brasil não figurava entre as potências do setor, ocupava uma modesta 11ª. ou 12ª. posição no ranking mundial de vendas, com 1,5 milhão de unidades.

Hoje, a produção mais do que dobrou, para 3,4 milhões de veículos, mas o preço continua um dos mais altos do mundo, mesmo já considerando a alta carga tributária incidente no carro feito no Brasil.

Tem carro fabricado no Brasil que é vendido em outros países por 60% do valor, mesmo descontando a carga tributária e as despesas de transportes e margem de lucro da distribuidora.

Questionei Cledorvino Belini, presidente da Fiat e novo presidente da Anfavea, durante a entrevista de posse realizada na última sexta-feira. A resposta veio rápida, e incisiva:

"É verdade que o volume de produção aumentou muito, mas aumentou também o número de fabricantes. Hoje são 40 marcas para dividir o bolo", disse o novo líder da indústria.

Ele acredita que, somente quando o País tiver uma produção em torno de seis milhões de unidades, é que teremos uma economia de escala que permitirá a redução do preço final do automóvel.

Então eu pensei:

Ora, se seis milhões de carros é um bom volume para ser dividido por 40 empresas, suficiente para permitir um ganho de escala que resulte numa redução considerável do preço do carro, eu pergunto:

Por que o 1,5 milhão de carros produzidos na década de 1980 não seriam suficientes para permitir que as quatro (apenas 4!!!) fabricantes montadoras (que atuavam com reserva de mercado até 1990) baixassem os preços dos seus carros?

Vamos fazer uma conta rápida: na década de 1980 cada montadora produzia, em média, 375 mil carros. Quando a indústria produzir os seis milhões calculados por Belini como um número que permitiria o ganho de escala, a média de cada uma das quarenta montadoras será de apenas 150 mil unidades.

Alguma coisa está errada: ou as montadoras instaladas no Brasil sempre tiveram um lucro acima da média ou o ponto de equilíbrio para atingir a sonhada economia de escala está muito além dos seis milhões. Talvez além até da produção chinesa de 13 milhões de carros por ano.

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