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Brasil exporta mais, mas por preço menor


O grande crescimento das exportações de veículos este ano se deve ao baixo número de referência no ano passado. Em 2009 o Brasil driblou a crise no mercado interno, adotou medidas de incentivo, com a redução do IPI, e o mercado cresceu. Mas os principais clientes externos não tiveram a mesma sorte - ou a mesma competência - para dar a volta por cima. Entraram numa crise profunda e cancelaram os pedidos, deixando de comprar milhares de veículos do Brasil. Então, o que se vê hoje é uma recuperação.

Uma recuperação, no entanto, bem acima das expectativas das montadoras. No balanço de 2009 a Anfavea - associação dos fabricantes - fez uma previsão de crescimento de 11,5% nas vendas externas. Fechado o semestre, o resultado é bem superior: as exportações cresceram nada menos que 78,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

As vendas externas são responsáveis pelo grande crescimento da produção da indústria neste primeiro semestre, que foi de 19,1%, enquanto as vendas internas cresceram bem menos, 7,3%.

Foram exportados 357,5 mil carros, comerciais leves, ônibus e caminhões este ano. Se o setor tiver o mesmo desempenho no segundo semestre, as vendas externas devem fechar o ano com mais de 700 mil unidades, próximas dos números registrados em 2008 (735 mil) e 2007 (789 mil). Mas ainda longe do recorde histórico de 842 mil unidades exportadas, em 2006.

É preciso destacar, no entanto, que a recuperação em relação ao faturamento é menor do que o volume exportado. Enquanto, em unidades, as vendas externas cresceram 78,1%, em dólar cresceram 62,3%, com faturamento de U$ 5,7 bilhões no semestre.

Isso é preocupante, pois o volume de carros cresceu mais do que o ganho em dinheiro. O que isso quer dizer? Que estamos exportando produto com menor valor agregado: carros pequenos, menos equipados, com menos tecnologia.

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