O etanol, muito além do carro flex
Para os usineiros a situação pode ser resolvida com a exportação de açúcar: com a queda da safra na Índia o preço do produto deve subir. Como haverá uma redução na produção de álcool, o preço do combustível não deve sofrer grandes quedas. O que se pensa é numa maneira de usar o etanol, no futuro, para outras finalidades.
Hoje o Brasil tem cerca de 37 mil postos de abastecimento e 97% dos carros produzidos no país podem ser abastecidos com álcool. Em 2020 os carros flex deverão representar 75% da frota.
A Petrobras iniciou, em dezembro do ano passado, testes para o uso de etanol na sua termoelétrica localizada em Juiz de Fora - MG, para geração de energia. Será a primeira usina do mundo com esta tecnologia. Atualmente a unidade é movida a gás.
Por enquanto, apenas uma das duas turbinas em operação na termoelétrica vai funcionar com a nova tecnologia. Sozinha, ela deve gerar 42 megawatts de potência, o suficiente para abastecer uma cidade de 800 mil habitantes. O projeto de conversão de térmicas da empresa de gás natural para etanol começou a ser desenhado há dois anos pelo setor de abastecimento da Petrobras, que visava exportar etanol para o Japão utilizar em usinas térmicas.
O plástico, grande vilão do meio ambiente, também poderá entrar na lista dos politicamente corretos, transformando-se num produto "verde". Em 2008 o Brasil produziu 5.14 milhões de toneladas de plástico. Para produzir tudo isso foram necessários 36 milhões de barris de petróleo. A petroquímica Braskem, do grupo Odeberecht, já está desenvolvendo um plástico de álcool.
Antônio Queiroz, diretor de competitividade e inovação da Braskem, diz que "o etanol, que tem o nível de impurezas mais baixo, melhora o processo de polimerização e apesar de haver um custo 30% maior na produção do novo plástico, a empresa espera, no longo prazo, recuperar os investimentos feitos agora."
O "plástico verde" começará a ser produzido em escala no final deste ano, com o início das atividades da fábrica que está sendo construída em Triunfo, RS e terá capacidade para produzir 200 mil toneladas por ano. A empresa também está desenvolvendo tecnologia para a produção de polipropileno a partir do etanol, que deve chegar ao mercado nos próximos três anos. O plástico rígido é largamente utilizado na indústria automobilística para a fabricação de parachoques e painéis.
São Paulo, que tem 42 mil ônibus, pode se transformar na primeira cidade a ter uma frota de ônibus movida a álcool. Recife e Rio de Janeiro já se mostraram interessadas em também fazer a transformação. O principal problema é que o custo de operação do ônibus a álcool, que é 6% a 7% mais alto do que os veículos que usam diesel. Essa variação ocorre porque, apesar de o etanol ser em torno de 50% mais barato (sem considerar a inclusão de aditivos), o consumo do combustível renovável nesse tipo de ônibus é cerca de 60% maior em relação ao derivado de petróleo.
O mercado de aviação agrícola brasileiro é o segundo maior do mundo e cerca de 75% da frota de aeronaves é do modelo Ipanema - desenvolvido há 37 anos pela Neiva, subsidiária da Embraer localizada no município de Botucatu, no interior de São Paulo. Do total de 1.000 unidades da aeronave em operação, 257 são movidas a etanol.
O menor preço do álcool reduz os custos de operação e manutenção e tem um impacto muito menor sobre o meio ambiente. E o motor movido a álcool permite um aumento de cerca de 5% na potência, melhorando o desempenho geral do avião.
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