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Híbridos indicam início da Era do carro elétrico no Brasil



O carro elétrico é mais velho do que o motor a combustão. O primeiro carro elétrico foi construído em 1837 e o primeiro elétrico comercial em 1881, usado pela Paris Omnibus Company. Londres já tinha em circulação um ônibus elétrico em 1888.

No Brasil, a Gurgel produziu em série carros elétricos na década de 1980 e 90, e implantou na cidade de Rio Claro uma rede de abastecimento com tomadas de força e estacionamentos públicos. E quem não se lembra dos ônibus elétricos que circulavam pelas ruas na década de 1960 e 70? Existem alguns até hoje.

Como se vê, o veículo elétrico não é novidade. Então por que ele está conquistando só agora o seu espaço?

Por causa da expansão do transporte individual, que coloca em risco a sobrevivência do motor à combustão, em função da redução das reservas de petróleo e do impacto das emissões de poluentes.

A novidade, portanto, não é o sistema elétrico, mas é a adoção dele em carros que o consumidor vai comprar. Daí a razão do Fusion, lançado na semana passada, e do Civic (ambos híbridos), que deve ser fabricado no Brasil no ano que vem representarem o início real da eletrificação do carro no Brasil.

O Brasil já tinha recebido o Mercedes Benz S 400 e o Smart com o sistema híbrido, mas ambos são carros de nicho, com poucas unidades vendidas.

O sistema híbrido encarece muito o preço dos carros. É por isso que a Honda aguarda uma posição do governo em relação a provável subsídio para iniciar a operação no Brasil

Paulo Takeuchi, diretor de Relações Institucionais da Honda, disse que num primeiro momento, a empresa vai importar o carro, e em seguida iniciar a produção na fábrica de Sumaré. Mas condicionou o início da operação à negociação com o governo, pois acredita que nessa faixa de mercado (entre R$ 60 e R$ 70 mil) o consumidor não vai pagar muito mais caro para ter o sistema elétrico. O Fusion híbrido será vendido por R$ 133,9 mil, 50% a mais que o modelo convencional. Takeuchi acha que o consumidor de um sedã médio, como o Civic, não estaria disposto a pagar pelo híbrido uma diferença tão grande em relação ao modelo com motor a combustão.

Na verdade, nem mesmo o consumidor do Fusion pagará 50% a mais para ter a tecnologia. A Ford acha que nesse primeiro momento vai vender apenas para aquele consumidor que busca tecnologia, aquele sujeito que quer ser o primeiro a desfilar com as últimas novidades. "É o mesmo que comprou - e pagou uma fortuna - a primeira TV 3D por R$ 7 mil, o primeiro celular iPhone por R$ 3 mil, mesmo sabendo que em pouco tempo os preços iriam desabar", disse um dirigente da empresa. Por isso é que a Ford também espera subsídio do governo para a tecnologia.

Portanto, a recomendação para você que gosta do seu dinheiro, que ganhou suado, é esperar um pouco, não comprar agora. A própria Ford diz que a tendência é baixar o preço, e muito. O único Fusion híbrido vendido até agora foi para a Petrobrás.

Nos Estados Unidos a Ford tem vários carros com esse sistema desde 2004. A proposta da empresa com o Fusion híbrido é manter o desempenho necessário para um sedã de luxo, mas fazê-lo mais econômico, caminhando para a eletrificação dos veículos.

O sistema híbrido do Fusion é o "Full", quando o motorista pode tracionar o carro somente no modo moto elétrico ou em conjunto com o motor a combustão.

A bateria é carregada com a frenagem regenerativa, quer dizer: um gerador elétrico tira a energia criada pela frenagem e alimenta a bateria. O sistema recupera 94% da energia que normalmente é desperdiçada nas frenagens.

Entenda: quando você acelera, cria uma energia para o carro andar. Se você freia, a energia é desperdiçada. O sistema híbrido aproveita essa energia e alimenta a bateria, que será usada para impulsionar o motor elétrico. Quer dizer: a rigor, quem impulsiona o motor elétrico é o próprio motor a combustão.

O que está sendo feito, portanto, não é criar nova fonte, mas otimizar o uso do petróleo.

O Fusion híbrido tem um consumo 9% menor do que o Ka e 52% menor do que o Fusion 2.5 com motor a gasolina. Faz 16,4 km/l na cidade e 18,4 km/l na estrada. Acelera de 0 a 100kmh em 9 segundos e a retomada de 80 a 100 km/h faz em 6,5 segundos.

A Honda apresentou o primeiro carro conceito híbrido em 1950. Mas a Toyota foi mais ágil e começou a produzir o primeiro híbrido em série em 1995, o Prius, que já vendeu mais de milhão de unidades. O primeiro híbrido da Honda veio dois anos depois, em 1997, o Insigth, sucesso de vendas no mundo.

Para apresentar a tecnologia ao mercado brasileiro a Honda trouxe algumas unidades desse carro, com o qual fiz a minha estréia nessa tecnologia, num circuito em Piracicaba.

Todas as informações de geração e uso de energia são demonstradas no painel, de forma que o motorista pode entender exatamente o comportamento do sistema, que combustível está sendo usado a cada instante.

O sistema híbrido usado pela Honda no Insight é chamado Paralelo, que tem o motor a combustão principal e um motor elétrico auxiliar. As energias geradas são somadas. Quando o motorista tira o pé do acelerador ou freia, a roda manda a energia para a bateria do motor elétrico, exatamente como no Fusion.

Mas o híbrido é muito mais do que um carro que usa duas fontes de propulsão. Além de essa combinação reduzir o consumo e as emissões de poluentes pela metade, melhora o desempenho, uma vez que a soma dos dois tipos de motores - combustão e elétrico - permite que a potência e o torque entrem mais rapidamente, proporcionando uma largada mais rápida do que o motor a combustão comum.

Na arrancada, o elétrico é mais eficiente, portanto é ele que sempre será usado nessa situação. Já a 80 km/h constante o melhor é o uso da gasolina; a 40 km/h, entra em operação motor elétrico, que é mais eficiente.

Por isso é que o Insight tem um motor de baixa cilindrada, 1.3, que anda como um 1.5, quer dizer: o carro híbrido não apenas emite menos gases poluentes e gasta menos combustível, mas atua para dar mais desempenho em motores menores, de baixa cilindrada, que por si só já são mais econômicos e limpos.

Testes feitos pela Honda nos Estados Unidos mostram que o sistema híbrido faz uma economia de 61% rodando na cidade. Com a gasolina estadunidense, o carro fez 16,9 km/litro na cidade, enquanto o mesmo carro com motor a combustão faz 10,5 km/l. Na estrada a relação foi de 15,2 km/l para 19 km/l. Veja que a vantagem na estrada não é tão grande, Uma economia de apenas 25%. O sistema híbrido é feito para uso urbano, onde é muito mais eficiente.

O carro elétrico vai chegar por etapas. O híbrido é a primeira delas, haverá outras até que o elétrico total se torne viável comercialmente. Então ele vai conviver com as demais fontes de energia - atuais e futuras -, contribuindo para manter o mundo em movimento.

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